Hoje eu confio no meu modo aleatório, não existia necessidade
alguma disso quando tudo o que eu tinha para ouvir música eram CDs em uma prateleira
e um aparelho estéreo onde para introduzir aquele objeto circular - cujo lado
padrão sempre continha uma linha verde dançando conforme a luz – e apertar
play, você precisava confiar em um conjunto da obra e não podia dispor da
vantagem de não gostar de uma faixa e com um clique você dizer: - “me traga
outra música totalmente diferente”. Quem não confia no seu modo aleatório?
A Luz da Manhã poderia confirmar que eu sempre gostei de consumir
álbuns inteiros, ao invés de músicas de trabalho soltas a mando de uma
tendência. A forma que eu a conheci foi completamente de todas as maneiras que
seguem uma tendência ou um referencial qualquer de como um casal deve se
conhecer.
Como eu queria ser estimulado a escrever sobre somente coisas boas
envolvendo a minha vida e a dela, da Luz da Manhã, daqui, até o final deste
blog.
Final de blog?
Nunca foi minha praia entender como um blog funciona, minha praia
tinha um mar amarelo. É, exatamente como você pensou: um mar amarelo repleto de
livros amarelados.
Um terço do dia livre, um segundo de impulso, o primeiro post. Eu
entrei nisso aqui de bobeira, mas eu tenho na minha cabeça exatamente como vai
terminar: legal pra mim, legal pra vocês e não tão legal assim pra Luz da
Manhã.
Eu achava que sabia como ia terminar, aquela noite, muito tempo
antes de eu pensar em sumir. A música no estéreo chamava-se “Notion”. Eu tinha
acabado de soltá-la só com um rápido aperto no controle remoto. Eu fiz assim
porque queria parecer o mais desprendido e despreocupado possível (hoje vejo
que já conhecia a importância de confiar no próprio modo aleatório) e a música
que eu soltei dizia pra ela não bater na porta porque já tinha estado ali
antes. Mentira. Era a primeira vez, tudo bem que o primeiro beijo já tinha
acontecido e por isso logo depois do primeiro refrão eu já estava com a minha
mão debaixo da blusa dela, a mão dela no meu peito, um sussurro me mandando
tirar a camisa e antes desse texto começar a parecer um conto erótico – os
próximos talvez pareçam mais ainda, culpa da Luz da Manhã, não minha – eu digo
que aquela onda terminou como um comercial americano de calça jeans: sem
calçados, sem partes de cima e calças devidamente vestidas (teve uma hora que
eu não sei como ela conseguiu fechar a minha). Eu não achei a menor graça
quando ela, além de recusar começou a dizer que tinha que ir embora e foi.
Eu escondi o sutiã dela quando ela foi ao banheiro antes de
vesti-lo. Eu estava bêbado e fiz em tom de brincadeira, ela também estava, mas
não achou a menor graça.
Pergunta pra Luz da Manhã se ela está achando graça agora e por
quanto tempo ela vai achar graça daqui pra frente. Engraçado teria sido eu não
ter devolvido o sutiã e mostrá-lo em foto aqui agora, mas calma, por hora eu
vou postar só uma foto de uma linha verde dançante e do preservativo que a
gente não usou naquela noite.
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